Crise dos microchips afeta automóveis: “As encomendas estão um caos. Alguns modelos demoram 16 meses”, diz fonte do setor em Portugal
Por Andreia Coelho
em 12:25, 7 Jul 2021
O mercado automóvel foi um dos mais afetados pela pandemia, mas agora a crise de fornecimento de microchips – elementos essenciais para qualquer modelo da atualidade – está a provocar atrasos de vários meses nas entregas de carros novos.
Quando as fábricas automóveis pararam as produções devido à pandemia, os produtores de semicondutores viraram-se para outros mercados que não sofreram quebras e que até prosperaram durante o confinamento, como a indústria informática ou de telecomunicações.
No regresso aos níveis de produção habituais, as fábricas de automóveis não conseguiram que os produtores de microchips dessem resposta suficiente às suas encomendas.
“As encomendas estão um caos. Alguns modelos demoram 16 meses”, disse à Multinews fonte oficial de um dos maiores grupos concessionários de Portugal. “Nas vendas ainda não se nota, porque estamos a vender o que encomendámos há três ou quatro meses. Mas daqui a uns meses vai refletir-se”, explica.
A mesma fonte adianta que, apesar de o problema estar a afetar todo o mundo, as marcas francesas e alemãs estão a ser mais atingidas, ao contrário das asiáticas. As marcas estimam que dentro de quatro meses a situação estará normalizada, mas a mesma fonte não acredita que o problema esteja sanado com tanta celeridade.
Portugal enfrenta ainda uma crise de stock de carros usados, o que distingue o nosso país de Espanha. “Qualquer dia não vamos ter carros para vender”, diz a mesma fonte, explicando que o mercado de usados aumenta em proporção com a venda de carros novos, já que os clientes dão o carro antigo para retoma quando recebem o novo. Além disso, com a quebra do turismo, as empresas de rent-a-car não estão a devolver os automóveis, que antes engrossavam o stock de veículos semi-novos.
No caso espanhol, a escassez de microchips (80% da produção vem de Taiwan e da Coreia do Sul) e a falta de contentores (80% do transporte mundial é feito por via marítima), é a combinação perfeita para afetar o setor que até agora teve uma queda de 34% nas vendas anuais de veículos novos.
Tudo isto influencia o aumento do mercado de segunda mão, que em junho foi 14,5% superior ao período homólogo 2020 e representa um aumento de 41,9% ano a ano. As vendas de veículos usados atingiram o máximo histórico em junho, com 196.139 unidades, o maior valor desde junho de 2017 (172.968).
Ler Mais