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UVE propõe ao Governo mais incentivos para 2023 ...

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Os subsídios continuam a ser cruciais para a expansão da mobilidade elétrica, que valia 10% do mercado em agosto.

A UVE propõe ao Governo mais incentivos para veículos elétricos em 2023. Reclamou um reforço dos incentivos até aos 6 mil euros para 2023 enquanto os operadores pediram mais investimento no carregamento público e incentivos para o abate de carros. Foi esta quinta-feira no debate do Portugal Mobi Summit.

 

UVE vai propor ao Governo mais incentivos para veículos elétricos em 2023

Os incentivos fiscais para a compra de veículos elétricos têm sido o principal motor do crescimento deste segmento que já vale 10% do mercado, a par do reforço da rede pública de carregamento, da cada vez maior autonomia das baterias e ainda das novas facilidades de carregamento doméstico. Este é o último retrato do mercado feito pelos convidados do quinto debate do Portugal Mobi Summit focado nas motivações e incentivos para a mobilidade elétrica, realizado nesta quinta-feira.

Os subsídios públicos para aquisição de elétricos ascenderam, este ano, aos 4 mil euros para um ligeiro de passageiros ou 6 mil euros para um comercial, naquela que foi a maior dotação de sempre para este efeito, num total de 10 milhões de euros. Mas, porque o custo destes veículos ainda é mais alto do que os de combustão, a Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos (UVE) vai reclamar do Governo um aumento dos incentivos. “Vamos propor à tutela um aumento dos 4 mil para os 6 mil euros no caso dos ligeiros de passageiros e também que os motociclos e ciclomotores elétricos deixem de estar equiparados à bicicleta e passem a ser apoiados com 1500 euros em vez dos atuais 500 euros” disse o presidente da UVE.

Segundo Henrique Sánchez “essa é a melhor maneira de fomentar a chamada mobilidade suave, contra a utilização do carro nos centros das cidades e também de incentivar a distribuição ‘last mile'”, agora tão em voga com os serviços de entregas rápidas de comida, de modo mais sustentável.

As propostas da UVE não se esgotam aqui, reclamando igualmente a extensão dos subsídios à compra de veículos elétricos em segunda mão, para permitir às pessoas de menor poder de compra o acesso a este tipo de mobilidade, “desde que as transações se realizem entre um particular e uma empresa”, sublinhou Henrique Sanchez. É que segundo um estudo recente promovido pela associação, “mais de 25% dos elétricos que estão a ser vendidos são usados importados”, afirmou o responsável.

E se é verdade que, no futuro, os incentivos públicos à aquisição de viaturas elétricas deixarão de fazer sentido – ou porque o seu preço já não é um ónus ou porque a nova oferta é essencialmente elétrica -, em Portugal ainda estamos longe desse cenário, diz. Já na Noruega, país pioneiro e exemplar na adoção da mobilidade elétrica, os incentivos estão agora a começar a ser reduzidos, porque o seu peso nas novas vendas já está na casa dos 90%.

 

Carregamento público tem de ser reforçado

Igualmente importante para a adesão crescente aos elétricos foi a evolução da rede pública de carregamento e das várias soluções disponíveis a nível doméstico. “Não tenho dúvidas de que a experiência de carregamento é determinante quando pensamos em ter um veículo elétrico e a rede pública tem evoluído muitíssimo, só a EDP tem mais de 1500 pontos contratados”, disse o diretor para a mobilidade inteligente da EDP Comercial.

Gonçalo Castelo Branco destacou, por outro lado, o contributo da crescente autonomia das baterias: “hoje em dia um elétrico já tem uma autonomia que se aproxima dos 400 km , muito perto dos 500 km que proporcionam os veículos a combustão”. Tudo para concluir que “há uma confluência de fatores a levar à explosão da mobilidade elétrica, a começar também pela oferta cada vez mais diversificada de novos modelos das marcas automóveis”.

Outro ponto a favorecer esta evolução é a disponibilidade de soluções mais simples e acessíveis de carregamento doméstico, em casas ou condomínios e ainda com a particularidade de este poder ser feito com energia verde, aponta aquele responsável.

A EDP não só comercializa os dispositivos e as aplicações para gerir os carregamentos domésticos, como também oferece soluções para produção própria de energia através da instalação de painéis solares fotovoltaicos, cuja energia produzida pode reverter diretamente para o carregamento dos veículos.

E esse é um aspeto importante, na medida em que, como assinala Gonçalo Castelo Branco, cerca de 80% dos carregamentos estão a ser feitos em casa ou no trabalho.

Uma realidade que vai mudar necessariamente com a massificação da mobilidade elétrica, pois a grande maioria das pessoas não dispõe de moradia ou de condomínio adaptado, antecipa aquele responsável. Por isso, “vai ser necessário um investimento muito forte na rede de carregamento público” e, para isso, autarquias e governo devem estar envolvidos e considerar incentivos, pois, até aqui, “esse é um investimento que tem sido feito à custa dos operadores privados”, alerta Gonçalo Castelo-Branco. “Eu preciso de ter pontos de carregamento no meu bairro”, diz.

 

Incentivos para o abate de carros antigos

Também António Oliveira Martins, director geral da LeasePlan Portugal, considera que “esta evolução da mobilidade elétrica não seria viável sem os incentivos fiscais”, nem sem “a regulação pela negativa imposta pela Comissão Europeia”. Aquele responsável acredita que sem as multas aplicadas aos construtores automóveis por ultrapassagem dos limites de emissões de co2, “os fabricantes não estariam totalmente empenhados na descarbonização”.

A este propósito, e para contribuir efetivamente para a redução das emissões, António Oliveira Martins defende um novo incentivo ao abate dos automóveis mais velhos de 25 ou mais anos, cujo abate, diz, deveria ser obrigatório. “A mobilidade elétrica não se resolve tudo, também temos de olhar para os veículos de fim de linha e vê-los a lançar poluição faz doer a alma”.

Enquanto gestor de uma empresa de renting e leasing automóvel, Oliveira Martins assegura que os veículos elétricos são uma boa aposta, também para o seu setor, nomeadamente porque têm custos de manutenção que são cerca de um terço mais baixos do que os veículos a combustão. O setor está a adaptar-se à transição energética e já regista mudanças assinaláveis. “Da atual carteira de encomendas da LeasePlan, 40% dos veículos são elétricos, quando ainda há quatro anos os carros a gasóleo representavam 98% do negócio”, disse.

Essa é uma alteração bem visível no setor automóvel, em rápida transformação, como atesta Francisco Nunes, coordenador para Portugal da Jaguar Land Rover. A marca quer ser 100% elétrica em 2035, tendo-se comprometido também em tornar todos os seus processos de fabrico neutros em carbono até 2039.

Sendo uma marca prestige, com veículos de gama alta, a Jaguar Land Rover contraria a tendência, com os seus veículos elétricos a serem “mais baratos do que os a combustão”. Isso só acontece, porém, “graças aos incentivos fiscais”, que amortecem o custo de aquisição, precisou Francisco Nunes. E é este pequeno pormenor que tem feito alavancar as vendas neste segmento.

Todos os convidados do último debate do Portugal Mobi Summit atestam as vantagens da mobilidade elétrica. Enquanto Gonçalo Castelo Branco garante que, feitas as contas ao custo de aquisição e às poupanças em combustível, o balanço é claramente compensador, Henrique Sanchez diz mesmo ter já poupado milhares de euros desde que se decidiu por um veículo elétrico há mais de uma década, tendo em conta que também pagava uma renda de estacionamento mensal que os veículos elétricos isentam e que até há bem pouco tempo nem o carregamento se pagava.

E, “apesar da subida do custo da eletricidade, esta permanece aquém do custo dos combustíveis”.

https://www.dn.pt/sociedade/uve-vai-propor-ao-governo-mais-incentivos-para-veiculos-eletricos-em-2023-15148749.html

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